03/03/2013

O dia em que (quase) levei uma 'tareia'

Às vezes é difícil encontrar tempo para tudo. Esta foi uma semana dessas. Depois da corrida de terça-feira, não consegui voltar a calçar os ténis. Por isso, não podia passar de hoje.

O pior (ou melhor, ainda não decidi) foi a companhia. Decidiu armar-se em booty master mal pusémos um pé fora de casa. Nem me deu tempo para assimilar a diferença de temperatura. E depois corre que nem um cavalo. Resultado: tinha acabado de começar e já estava a morrer por todos os lados. E ele dizia-me "são só os primeiros doze minutos, depois o curso habitua-se" e eu ouvia isto e pensava "estás a ensinar a missa ao papa". Só me apetecia apertar-lhe o pescoço, mas nem isso conseguia fazer porque ele ia sempre a correr lá à frente.

Não bastasse isto, deu-me aquela coisa maravilhosa que deve ter um nome científico qualquer, mas que eu conheço por dor de burro. Quando partilho isto ouço um "isso passa. Continua a correr". "Isto passa?   Isto dói!", pensei eu. Mas continuei. Tentei confiar e acreditar que ia passar. A dor é sexy, a dor é sexy, a dor é sexy repeti mentalmente.

E fui correndo, ele sempre muito lá à frente, com uma passada muito mais larga que a minha. Até que ele dá meia volta e, no meio de outras coisas que o meu cérebro não conseguiu processar, ouço qualquer coisa como "eu acho que tu consegues dar mais, mas estás armada em mariquinhas". "Mariquinhas?!", pensei eu. Se tivesse forças que conseguisse canalizar para outro lado que não as minhas pernas, tinha-lhe apertado o pescoço. (e eu não sou a favor da violência). Isto fez crescer um Hulk dentro de mim.

A dor de burro passou, sofri com todas as outras dores - que espero que resulte em igual aumento de sexyness - possíveis, e fui ouvindo os "alarga a passada", "não baixes o ritmo", "ainda vamos dar mais umas voltas ao estádio" como um incentivo.

Foram 45 minutos (em alturas os mais longos da minha vida, noutras que pareciam passar a voar) para me desafiar, para me levar mais longe, para perceber que tenho ainda muito que treinar... Mas foram também 45 minutos muito desafiantes para a minha capacidade de motivação. Mesmo que ele tenha dito, em determinada altura, "nem estou a puxar muito", nunca ninguém me "puxou" tanto... e não foi fácil afastar a vontade de parar, sobretudo depois da marca da meia hora.

Por isso, ter conseguido cumprir (com um sprint no fim!) deixou-me com a sensação de alegria que se deve ter quando se completa uma maratona.

Se calhar foram as endorfinas a tolher a minha capacidade de julgamento, mas, depois de ter sugerido subir os cinco andares a pé (!), acabei a perguntar-lhe quando é que corríamos outra vez.



Isto pedia uma imagem que ilustrasse o "correr que nem um cavalo".




3 comentários:

Mariposa Colorida disse...

Grande força de vontade !

LaLu disse...

És a maior!! uma inspiração mesmo!!

Sofia L. disse...

Mariposa e Lalu, obrigada! espero conseguir ir subindo o ritmo*